Não sei quem vejo quando te olho.
Não sei quem vejo quando te olho.
Quem és.
Quem fui.
O que podia ter sido.
O que passou.
Não sei quem és quando te vejo.
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Não sei quem vejo quando te olho.
Quem és.
Quem fui.
O que podia ter sido.
O que passou.
Não sei quem és quando te vejo.
Ao regressar do lugar da solidão
sou relembrada do passado
pelo reflexo das lágrimas que ficaram no chão.
Tempestuoso, com grande veemência. Qual andamento de Mahler. É o meu a cada três compassos de desassossego. A cada encontro de esquina com o talvez, quem sabe?
Quando é que a tristeza se tornou tão leve, a ausência tão palpável?
No silêncio encontro voz.
Passou tanto tempo calada que tem dificuldade em reconhecer o seu próprio timbre.
No coro de vozes amigas há-de voltar a saber ocupar o seu lugar.
Take your timePull me inPush me outSimplify all the whispers of doubt
Encontro-te nas rugas que trago; no sabor acre que persiste.
Nas palavras por dizer ficaram mundos de distância.
De mãos dadas a nada parto em busca da noite.
Pára o tempo e os gritos em redor. Diz porque teimas em seguir pela rua dos candeeiros apagados.
Pára e escuta: eles continuam. Atacam em síncopes sucessivas.
Pára o tempo. Silencia a dor. Inventa espaço.
Hoje não me apeteces. O cinzento do teu olhar ameaça chuva no meu.
Hoje escolho este país deserto. Onde tudo é nada.
Onde a ausência se torna paz.
Odeio cada letra do teu nome queimado em mim.
Quero agarrar-te pelos braços e sacudir-te o sorriso da cara.
Obrigar-te a ver a destruição que deixaste.
Tudo o que morreu enquanto respiravas.
Há beleza no colapso. A destruição tem outra cor quando, no meio do desmoronar da vida, surge um sorriso sincero, de uma outra circunstância desconhecida.
Há beleza na humanidade. Em saber que tudo segue igual, ainda que o mundo de uns cesse de existir como até então. Em saber que tudo segue igual, à distância de outras estrelas.
Há beleza no colapso. Porque a destruição de um não implica a destruição do todo. Esse é mais forte. Uno.