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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

28
Abr19

O céu rasgado de azul...

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O céu rasgado de azul, trespassado por mil mastros, faz-me lembrar o tempo em que chegava aqui nauseada ou verdadeiramente bem disposta, depois de uma manhã de rio; mãos feridas por cabos retesados pelo vento... Os restaurantes dos clubes enchem-se de gente e eu vou passeando por entre bicicletas e trotinetes eléctricas, pensando em ti e em ti. Todos os meus mortos e os meus fantasmas comigo.

De caminho, cruzei-me com aquela que fui há 7 anos, num parque de tonalidades amarelas algures entre a Europa e a Ásia.  A prudência atirada de fresco pela janela, a dar boleia a 3 pessoas que a pediam no passeio.

Parada no semáforo, com a música a preencher o vazio do lugar que deixaste ao lado, a mão de fora da janela a sentir a brisa refrescante deste apressado primeiro dia de Verão, ouvi perguntarem-me se podia dar boleia até ao Mosteiro dos Jerónimos. E porque não? A coisa mais segura, apesar de difícil, foi escolher-te a ti... e onde é que isso me levou? Com as mãos que teria posto no fogo por ti completamente queimadas até aos ossos, porque não? 

Continuo viva. Continuo sem conseguir largar-te a mão, como se em algum universo paralelo estivéssemos assim.

Um dia talvez te consiga perdoar. A ti e a ti.

Todos os meus mortos com todos os meus fantasmas.

27
Abr19

Percorri as fotografias...

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Percorri as fotografias de uma, de outra e de outra viagem. Não sei quais contêm felicidade. Parecem todas forçadas. A boca num esgar retesado em forma de sorriso,  mas com os músculos periorbitários quietos, sossegados, “botulinizados”. 

O que é que foi real? O silêncio é, sem dúvida. Um vácuo palpável.

E o resto? O que foi o resto?

Ainda me custa aceitar que não saiba ver para além da farsa. Que continue a falhar, a um nível básico, o conhecimento do outro.

Quem foste? Quem és?

Se conseguisse ao menos encaixar-te em alguma zona da alma... mas levaste debaixo do braço as respostas e nos teus pés a afastarem-se calaste as perguntas que não cheguei a fazer.

26
Abr19

Não é sem alguma raiva...

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Não é sem alguma raiva que tento mentalizar-me para quinze dias em modo analógico. Nada contra o analógico, antes pelo contrário; espero conseguir distanciar-me de ecrãs e instagrams e afins.

Raiva de ti; que venhas de barriga cheia e olhos do tamanho do mundo enquanto eu fiquei a olhar para os mesmos sítios de sempre, em que a música jamais será igual ainda que a tonalidade não tenha mudado.

Hoje nada neutraliza a azia. Pudesse eu vomitar a vida em ti. Procuro contactar com o que está debaixo desta superfície rancorosa, mas tudo o que vejo é de um verde bilioso. Pudesse eu estatelar-me para te quebrar no impacto. 

Deixo-te aqui. Vou por ali. Hei-de chegar tranquila, dentro de uns dias, ao tempo antes de ti.

 

“O sentimento está à espreita durante o intervalo de tempo que separa o desejo da sua satisfação.” - Admirável Mundo Novo.

20
Abr19

Estou a tentar.

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Estou a tentar. 

Tenho os dias organizados. Consigo fazer tudo o que me faz bem e mais um pouco daquilo que me apetece. Parece uma boa existência, certo? 

Os novos hábitos adquirem a minha forma, acompanhados de alguma paz, mas tudo o resto ainda mantém parte do seu lugar original. 

Estou a tentar.

Arrumo aos poucos a casa, tirando o pó dos cantos da vida. Alguma claridade física e mental permite espaço para respirar e pensar. Mas à força de tanto pensar continuo sem saber de quem sinto a falta: se de ti, se do que julguei saber de mim. Continuo à procura... mas garanto: estou a tentar.

19
Abr19

Um dia com dias dentro...

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Um dia com dias dentro e música a acompanhá-lo. Porque há sempre música. 

No silêncio encontro as vidas vividas e sonhadas que ficaram atrás de mim, para além de tudo. 

Podia ter sido melhor. Podia ter sido pior. 

No final, o outro lado está à nossa frente e o passado é uma cama confortável onde nos podemos deitar e esperar que o amanhã amanheça.

Estarás tu sempre presente? Eu espero que não. Espero que sejas uma lembrança... uma dor doce, um dia mais tarde.

18
Abr19

Hoje estou sem tempo.

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Hoje estou sem tempo. 

Fazendo jus à verdade, estou sem paciência, mas parece-me a mim que vai dar no mesmo: estou sem tempo. Porque tempo, na realidade, temos todos. Temos tempo para todas as escolhas e decisões. Estas, em última instância é que gastam o primeiro. Infelizmente, nem sempre fiz as escolhas ou tomei as decisões acertadas.

Mas hoje, reitero, estou sem paciência. Para ti ou para mim... o que vai dar no mesmo. Não tenho tempo para gastar mais tempo connosco.

16
Abr19

O que é que é importante agora?

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O que é que é importante agora?

Agora. Do latim hac ora, nesta hora; mas eu ainda não sei a quietude e consigo inventar mais coisas para “esta” hora do que as horas que o dia contém.

O que é que é importante e essencial agora? Provavelmente parar... parar para pensar. E a hora depois desta e da próxima serão outras para descobrir novos instantes para estar e ser. 

14
Abr19

Enquanto o gato dorme...

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Enquanto o gato dorme no meu colo, enrolado e entregue a uma paz invejável, oiço Rodrigo Leão e volto atrás no tempo. Sinto-me novamente com 17 anos, quando o mundo parecia possível e a música era etérea; ainda hoje é magia.

Nas duas décadas passadas, se cair no erro de olhar de relance, parece que não saí do mesmo sítio. Continuo a criatura estranha, sem camuflagem possível em relação ao meio envolvente. A diferença visível nas rugas, no olhar cansado e, por vezes, desprovido de brilho de quem já amou e perdeu, perdeu e achou...

Continuo à procura de um caminho, de um sentido, sabendo e aceitando que nunca conseguirei camuflar-me e ser igual, socialmente correcta ou consensual. Essa é parte que (já) não importa.

Mas caramba!, parece que continuo com 17 anos; as dores parecidas, os padrões repetidos. Tenho agora mais certezas de por onde ir, mas tenho a sensação que passarei a vida a caminhar... para onde?

13
Abr19

Há 3 dias fotografaram...

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Há 3 dias fotografaram pela primeira vez um buraco negro.  Powehi, de seu nome. 

Gostava de compreender física. Gostava de perceber exactamente o conceito, mas faz-me pensar em ti. Em como engoliste a matéria de que eu era feita; em como consegues concentrar, hoje, passado e futuro. 

Hoje foste para outro continente. Foste para o sítio onde hoje para ti é o meu amanhã e onde eu estou no teu ontem. Figurativa e literalmente, deixaste-me no passado e inventaste futuro, tudo no mesmo presente.

Mas, honestamente, agora não tenho tempo para ti. Vou à minha vida, procurar o buraco branco que julgam existir. Pudesse eu compreender física, mas dizem que ao invés de engolir matéria a expele... e eu preciso dessa luz!

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