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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

29
Mai19

Nova Iorque.

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Nova Iorque. 

Sinto uma nostalgia a preto e branco do sítio que não adoro. 

São instantes fotográficos à deriva nas tonalidades esbatidas de uma Polaroid.

Nova Iorque.

A cidade que não adoro. 

Onde não sinto vontade de voltar, ainda que talvez encontrasse uma parte de mim, à chuva, na esquina da Broadway com a 43ª rua.

 

Your memory near
Laced with the pain
I needed love but it's never the same
27
Mai19

Foi quando os dias...

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Foi quando os dias se espraiaram em direcção ao Verão que chegaste, disposta a entrar na maré que me levava.

Foi quando quiseste. Porque pudeste.  

Pudesse eu voltar costas às costas que me mostraste. 

 

Darling, be careful with me
'cause there's part of me that you don't know
Darling, be gentle with me
when you tell me that you need to go
And if you should miss me, don't call me
don't tell me, just leave me alone
Because you cut me wide open
left teardrops on all my white roses

26
Mai19

Há muitas luas atrás...

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Há muitas luas atrás abandonei a câmara. Deixei-a na noite em que apagaste as estrelas. Senti, de alguma forma, que se lhe pegasse a objectiva iria focar o ponto inverso da tua alma em mim.

Mas hoje decidi fotografar uma gota de água. Uma gota de água sem o teu reflexo. Pura. Afinal, a minha capacidade de existir é perfeitamente alheia à tua respiração.

Foquei. Foquei-me. Disparei e sorri.

 

You're someone else's crazy now.

25
Mai19

Bom dia. Boa noite.

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Bom dia. Boa noite.

Deixo-te à beira da estrada de há anos, onde a criança que foste ficou perdida à procura de família enquanto, à altura dos olhos, todos os pares de pernas de adultos eram iguais.

Boa noite. Espero que o sol amanheça com um sorriso morno em ti.

Eu deixo-te aí. A minha estrada é outra.

Não foi engano.

Não foi destino.

Foi caminho. Para mim. Para casa.

Bom dia. Acordei!

 

I've got a king sized bed and a PhD in the way it used to be.

 

 

24
Mai19

Numa pequena sala...

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Numa pequena sala, que vim a considerar acolhedora, perguntaram-me há anos o que era a bondade. 

A minha resposta foi um silêncio embaraçado.

O que é a bondade?

Na altura julguei que seria dizer “sim” a tudo e a todos, mas quando parti desse pressuposto para a acção, dei-me conta de estar longe de me sentir bondosa. Dizer a tudo e a todos que sim deixou-me exausta, impaciente, intolerante, irritável e irritante... 

Na casa da minha infância, antes das suas paredes reflectirem mais ecos, o meu pai pediu-me que fosse boa profissional e uma profissional boa.

O que é a bondade?

Continuo a lutar com o conceito. Dou-lhe a mão de um lado, levanto-lhe o braço do outro, inspecciono as pregas da roupa que veste e continuo pouco certa.

O que é a bondade?

O mais próximo que consigo é ser mais coerente com os meus valores; é treinar a consciência que me permite aceitar o outro como meu semelhante. Despir-me dos meus juízos e compreender que, ainda que não me faça sentido, alguma coisa o preocupa do outro lado e tentar ouvir; estar verdadeiramente presente no presente.

 

 

The monster in my head is ruthless.

 

 

22
Mai19

Acabei hoje a leitura...

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Acabei hoje a leitura do livro The Waterproof Bible de Andrew Kaufman. Comprado há quase 10 anos, ficou adormecido à espera do seu dia. E esse dia foi há pouco mais de uma semana, quando o reencontrei ao enquadrar o escritório e as suas estantes no minimalismo.

Ontem, uma das passagens marcou-me. Quando deus, na forma feminina e desesperada com a incompreensão humana, desabafa o seguinte:

“But at least I’m not running around putting a beginning, middle and end on everything”, she said, letting go of his collar. (...) “Have you people never noticed that there’s a central flaw? No? Here comes the clue - the only difference between a happy ending and a sad ending is where you decide the story ends.”

Quase de propósito, num encontro agendado há tanto tempo atrás, terminei ontem a tarde numa conversa invulgar, não obstante familiar, com um estranho que me leu antes de me conhecer. Em conjunto, desconstruímos ideias para chegar aos afectos.

E foi aqui que fiquei: é legítimo retirar algumas coisas das relações humanas, como a descoberta do outro e de nós; inspiração; prazer. Mas não faz sentido, nem é justo para nenhuma das partes, querer retirar do conjunto partilhado o que cada um de nós julga que uma relação deve ser ou parecer.

Nessa leveza senti que o erro não era teu, nem meu, nem de ninguém. Teria bastado ser o que foi ainda que coisa nenhuma. Talvez eu tivesse tido que mergulhar nesse mar revolto para quase me afogar e, nessa morte figurativa, chegar mais perto da minha própria humanidade. 

Foi nesse sentido que tentei aproximar águas... mas tu tiveste que as separar novamente no comentário final. 

Talvez seja pelo melhor. 

Que tenhas paz. 

Que estejas tranquila.

19
Mai19

Gosto do silêncio.

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Gosto do silêncio. Encontrei-o quando reduzi a vida.

Consigo estar, ler e pensar. Conseguiria ser se a angústia não aparecesse, ao virar da página, para me envolver com o seu abraço. 

A angústia em relação à (ausência) de sentido, de valor. A angústia em relação ao vazio. À morte que me levou a voz e o toque de quem me desenhou a vida.

A finitude da vida deveria ser a sua força motriz. Mas quem serei eu quando não for o que conheço?

Foi simples libertar o corpo dos bens materiais supérfluos. Foi simples encontrar este silêncio. Mas como se liberta a mente, a consciência, a alma, quando o corpo é a mais pesada das âncoras? 

Fecho o livro e fujo para o som da música. 

 

“(...) what it means to die, and that if one considers death in isolation (...), one will no longer consider it to be anything other than a process of nature, and if somebody is frightened of a process of nature, he is no more than a child” - Marcus Aurelius, Meditations

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