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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

21
Mai19

Sentada. De olhos fechados.

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De olhos fechados. Ponto de foco encontrado. Inspiração e expiração no seu ciclo constante. O ruído ambiente ignorado por completo. Até que: “Estás a ir muito bem”. Os olhos mantêm-se fechados, a posição a mesma. Procuro o foco. Volto à respiração... “Não não não! Foca! Estás a perder...” e volta ao princípio.

É assim que começa o meu dia.

Descobri a meditação há 3 anos e perdi-a pelo caminho, enquanto coçava uma orelha. Há uns meses decidi reescrever a vida e comecei pelo meu dia. Escrevi o horário de um dia ideal... curiosamente não escrevi “trabalhar” em lado nenhum.

A meditação tem sido o ponto de apoio. Num sentido não espiritual; apenas de não tentar controlar o que não necessita de controlo, como a respiração. Parar por 10 minutos e deixar-me existir. (E é tão difícil!)

Finalmente, depois de ver no papel como gostaria que fossem os meus dias, consegui começar a vivê-los. Tema e variações. Mas têm que começar assim.

 

 

15
Mai19

O cansaço era imenso...

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O cansaço era imenso quando voltei costas à vida que conhecia: trabalho e casa... para dormir. Vivia a intervalos de dois dias a cada cinco. Que desesperança. Que falta de sentido. Que compasso sincopado para o abismo.

Com a noção de ter recuperado o controlo para decidir a vida que quero viver - mesmo quando a vida se mete no caminho - encontrei tranquilidade para tentar crescer. 

Hoje, com tempo, consigo sair do meu juízo precoce, olhar o outro nos olhos e senti-lo igual a mim na humanidade. Isso é o bastante para aproximar e aplacar, ainda que tão fugazmente, a solidão alheia. A falta de tribo. Pior que lança inimiga cravada no peito. 

Nessa empatia, é possível desenhar um sorriso no mar de lágrimas que nasce da ferida.

10
Mai19

Comecei o dia...

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Comecei o dia a trocar mensagens, em tempo real, com o músico Joe Brooks. Mal podia acreditar que estivesse acordado, do outro lado do mundo, ao mesmo tempo que eu, quanto mais que estivesse disposto a responder-me.

Subitamente fui transportada no tempo, ao característico e dissonante som de início de ligação dos modems de meia dúzia de kB, ligados a tomadas RITA. Não sei a onomatopeia, mas quem os ouviu não esquece, nem à voz da mãe passado uns minutos a gritar “- Desliga isso que preciso de fazer um telefonema!”. 

Nunca esqueci também uma ida para a escola aos 12 anos (a pé, pasme-se!), ouvindo a minha amiga descrever entusiasmada o que “parece que vai existir”... e o que parecia que ia existir era um Bip que permitia responder às mensagens recebidas. E surgiu, uns anos depois, chamado telemóvel.

A tecnologia evoluiu. A tecnologia é maravilhosa. Uniu-nos de formas que ultrapassam a nossa compreensão, tanto quanto a noção de 100 milhões de euros no jackpot. 

Mas, em determinado ponto, começámos a andar curvados, olhos ao nível do peito, teclando furiosamente qualquer coisa (urgente!) ou vendo um vídeo (urgente!) ou qualquer outra coisa (urgente, certamente!). 

Foi perdida nessa irritação com o chamado phubbing que apaguei a conta do Facebook e retirei todos os seguidores e seguidos da conta do Instagram, para voltar a seguir, com intenção, os que me acrescentavam valor à vida.

Reconciliada com a internet e as redes sociais, percebo que há bom e muito bom no mundo. É preciso procurar. Tal como na vida, o digital devolve os resultados da pesquisa.

 

Nathaniel Drew - Digital Minimalism Playlist

 

 

We're the fire, the flames they can't put out
A faith like oxygen
So breathe it in, be with me now
It's us against the world, it’s us against the world
Try stopping us now
08
Mai19

A esta altura a minha existência...

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A esta altura a minha existência é um fogo cruzado de pensamentos. Talvez precise de horas e dias de reflexão para os encaixar de forma a que façam sentido ou talvez precise de estudar mais. Provavelmente ambas.

Ando perdida na leitura de Séneca... sobre a brevidade da vida; as consolações; sobre a tranquilidade da alma. Leio, releio, sublinho, passo à frente e volto atrás.

Por outro lado, o minimalismo como movimento parece dever muito a esta filosofia do estoicismo, mas ainda não consigo chegar ao aforismo conjunto que, em última instância, me faça encontrar (o) sentido.

O minimalismo, enquanto fase inicial de reduzir “coisas”, dá-nos sem dúvida espaço para pensar o que é essencial. Retira a desarrumação física da equação, para se poder começar a arrumar a cabeça e a vida. E, caramba!, se eu arrumei as coisas. A casa é ampla e o dinheiro estica. O tempo é imenso. Mas sinto que a essência me continua a escapar... 

De Sobre a Brevidade da Vida retirei a leveza de não me sentir louca na necessidade, desde cedo sentida, de ser meu o meu o tempo. Como nos batemos com armas pelo espaço roubado pelo outro, mas como somos cegos ao roubo do nosso bem mais precioso: o tempo. Pior, como somos os primeiros a cedê-lo sem pensar duas vezes. 

Tudo numa correria de casa para trabalho para casa, para subir numa escada corporativa que leva a dinheiro que leva a coisas que leva... a nada. Porque no fim, o precioso tempo acaba para todos e, com esse, não nos preocupámos um segundo. 

 

“The actual time you have (...) inevitably escapes you rapidly; for you do not grasp it or hold it back or try to delay that swiftest of all things, but you let it slip away as though it were something superfluous and replaceable.” - Seneca, On the Shortness of Life

 

“No one will bring back the years; no one will restore you to yourself. (...) You have been preoccupied while life hastens on. Meanwhile death will arrive, and you have no choice in making yourself available for that.” - Seneca, On the Shortness of Life

 

“The greatest obstacle to living is expectancy, which hangs upon tomorrow and loses today.” - Seneca, On the Shortness of Life

 

E, no meio destas leituras, ouvi o episódio do Podcast “Break the Twitch” - Align Money & Happy. No resumo final, feito por Anthony Ongaro, encontrei algum sentido conjunto. 

Dinheiro é uma medida de tempo. Foi tempo gasto (ou perdido?) que se transformou em determinada moeda. Se a gastamos em coisas que não acrescentam valor à nossa existência; se o gastamos no “twitch” da compra com um simples clique... que estamos nós a fazer se não a desperdiçar a vida? Porque esse dinheiro foi tempo, foi vida que ficou por viver.

 

 

05
Mai19

Fomos tomar o café de sempre...

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Fomos tomar o café de sempre e eu esqueci-me do dia da mãe. 

Entre pai perdido e mãe encontrada, estou grata que se tenham juntado aqueles dois. A força e o coração da casa com o espírito fantástico e destemido.

E, ainda que tenham feito dois palermas, que bom sermos eu e tu, irmão! 

Que boa escolha a deles e a nossa. Continuemos a olhar o espelho perguntando-nos o que diria ele, sabendo o que diz ela.

01
Mai19

O início de um mês...

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O início de um mês traz consigo a oportunidade perfeita para reflectir sobre o anterior e planear o seguinte.

O meu ano tem estado à margem do ano civil (e até do escolar).

Em menos de um ano deixei amor e deixei trabalho... para acabar deixada; mas a coisa boa quando se começa do zero é que o potencial é infinito. Na realidade, o potencial é sempre o horizonte imensurável e tudo o resto são construções mentais.

Ainda assim, desde Fevereiro que tento adquirir novos hábitos com o objectivo de alcançar alguma clareza mental - talvez precise de revisitar alguns passados, mas para já Maio afigura-se como um mês de introspecção.

A aquisição de uma casa maior, ao reduzir a quantidade de tralha que a mesma tinha, sedimentou a minha crença de que, a partir de certo nível de conforto e segurança, mais objectos não são sinónimo de maior felicidade. 

Quando tecto, água, comida, roupa, segurança e saúde são dados adquiridos, mais um gadget não é mais do que isso mesmo. Um objecto novo e brilhante que após o prazer inicial do kick de dopamina, irá perder rapidamente o seu interesse.

Que vida esta... chegamos aqui, passeamos por ali e morremos acolá. Tem que haver mais... Parece-me que o “mais” está em dar e, sem dúvida, na forma como se dá. Talvez o propósito seja esse. 

Por isso o meu Maio é o mês da reflexão e gratidão:

• Permitir-me parar, 2 vezes por dia, para pensar. Pensar onde estou, para onde quero ir, como crescer como ser humano.

• Diariamente, escrever 3 coisas pelas quais estou grata e que podem ser (aparentemente) tão simples como a electricidade, os transportes, o país onde nasci... e tudo aquilo que nos parece básico, mas apenas porque o consideramos garantido. (Basta relembrar o caos da greve dos transportadores de mercadorias perigosas.)

• Iniciar a pesquisa sobre voluntariado - nacional e internacional.  

O destino é (o) outro.

Amanhã volto a ti.

 

Ideia interessante de generosidade: “doar” o aniversário. 

O que eu escolhi para mim, mas há tantos outros sob a pesquisa “pledge birthday”: 

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TED - Elizabeth Dunn: Helping others makes us happier - but it matters how we do it

 

30
Abr19

Sim, lembro-me perfeitamente...

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Sim, lembro-me perfeitamente do lançamento do primeiro gameboy. Lembro-me de esperar 6 anos até ter o meu - julgo que, actualmente, ninguém espera tanto tempo por nada nem ninguém. Apesar da vontade mantida, lembro-me também de como perdeu parte do encanto algum tempo depois. 

Essa constatação manteve-se ao longo da vida. Estranhamente, cada coisa desejada perdia o encanto ao fim de algum tempo após atingida. Intrigava-me já em miúda; e eu não tinha tudo o que queria, havendo claramente um período de latência grande entre o desejo e a sua eventual concretização.

E assim finalizei o #minsgame: 30 dias, mais de 496 coisas subtraídas à casa. 

De todas, a grande maioria foram dadas. Roupa aos sem abrigo; utensílios de cozinha a quem precisava; os livros lidos e relidos entregues à biblioteca local; consola a miúdos que nunca a teriam tido e cuja mãe mais tarde me disse “Fiquei a vê-los. Não percebo nada daquilo, mas a felicidade deles era tudo.” Ainda vendi 3 coisas no OLX, mas a rapidez com que me queria libertar das coisas não era compatível com processos de regateio e venda. Por outro lado, dar soube sempre melhor.

Fotografei as coisas diariamente; muitas delas não tinham qualquer significado emocional, mas algumas fotografias tiveram como objectivo guardar num caderno as que tinham. Porque, efectivamente, as lembranças estão connosco e não nos objectos.

A subtracção permitiu arrumar a casa; voltar atrás no tempo e endireitar o espaço. Espaço esse que me permitiu ver e usar mais as coisas que ficaram porque, se sobreviveram à subtracção,  foi por terem utilidade ou adicionarem valor à minha existência. 

Por outro lado, o espaço aberto deu-me espaço e tempo para a claridade mental; para parar e reflectir; para não ir atrás da próxima falsa sensação de urgência que qualquer anúncio grita. 

Agora penso e repenso. Não sou minimalista no sentido do Colin Wright cuja mala contém tudo quanto possui, mas sim na intenção. Na escolha ponderada.

E escrevo. Consigo ter uma secretária ampla que me permite a leveza de pensar e escrever, como na altura do lançamento do gameboy.

Por isso escreve, meu amor!, escreve. Pode ser que ao escrever desenhes o mapa do teu regresso.

 

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29
Abr19

Um mês.

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Um mês.

Começou com a minha necessidade de desabafar tudo aquilo que não tinha escape possível devido à “cortina de silêncio” - é tão mais fácil vir espreitar o que é escrito, em vez de dar a cara a uma conversa.

De qualquer forma, grande parte dos problemas de comunicação estão no facto de cada um de nós ouvir só o suficiente para responder. Não há uma escuta activa, mas antes uma escuta defensiva/ofensiva. Há que proteger o forte, o nosso ego, e como tal, ouve-se apenas parte do que é dito enquanto se preparam batalhões de palavras em fileiras de frases prontas a atacar o outro, em nome da auto-preservação. Isso não é diálogo. 

No entretanto, tornou-se o meu ponto de encontro comigo. A minha reflexão diária ou, simplesmente, o meu tempo de catarse. Publicar teve tão somente a intenção de me responsabilizar a manter o hábito. Teve também a intenção de me fazer escrever, ainda que nada concreto em determinados dias.

Depois de ouvir vários podcasts, entre minimalismo, essencialismo ou mudança de hábitos, percebi que parte importante do processo da mudança de hábitos era a persistência; era fazer, o que quer que fosse que se tenta mudar, diariamente. E, também, fazê-lo sem ser de forma exagerada que me levasse a um tratado no primeiro dia, para desistir completamente ao terceiro. 

Ouvindo a entrevista com Greg McKeown, decidi-me a empregar a técnica dos limites possíveis: no mínimo 3 parágrafos por dia, no máximo 5. Agora há dias em que são mais do que 5, mas nunca serão menos de 3. Isso enquanto me fizer sentido e adicione valor à minha vida. Para subtracções chegam as que eu faço intencionalmente à casa.

Um mês. Quanto a ti, não sei. Que hábitos queres mudar? Do que me foi dado a conhecer... nenhum.

 

 

25
Abr19

Achei que ias ser...

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Achei que ias ser o meu tema de hoje, mas uma coisa mais importante tomou o teu lugar: a epidemia da solidão. 

Na realidade, se pensar a sério no assunto, foi isso que me deixaste. A solidão. O não ter sido vista ou ouvida. Deixaste-me frente a frente com a minha insuficiência como ser humano merecedor de reconhecimento. É por mim que choro nas noites. Pelo eu rejeitado. Pelo eu ignorado. Pelo eu deixado a gritar mil lágrimas silenciadas. É pelo eu que acreditou que alguém, em algum lugar, me via. É pelo eu que julgou ver-te.

Mas as pessoas a quem é necessário explicar são aquelas que não irão compreender. Com essa epifania deixaste-me a desejar, infelizmente, o dia em que serás um rosto que eu não vejo, não antevejo, nem sonho. Ser-me-ás indiferente.

 

Matt d’Avella: The Loneliness Epidemic.

 

24
Abr19

O dia passou a correr...

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O dia passou a correr, mas sem sensação de urgência.

Nada a assinalar de extraordinário, o que é válido nos dois sentidos: positivo e negativo.

Foi um dia com as mesmas horas, os mesmos passos, os mesmos silêncios e, ainda assim, acabou com uma gargalhada sonora porque há coisas simples que fazem sorrir.

 

A não esquecer, no entanto:

The Tim Ferriss Show Podcast - episódio com o meu autor favorito - Neil Gaiman, a relembrar o livro Good Omens e a série a estrear em breve; a relembrar o falecido Terry Pratchett. Acima de tudo, a relembrar o mundo da fantasia e todos os romances e contos que continuaram a alimentar o mundo fantástico que o meu pai criou no meu imaginário.

• A leitura do prefácio de Aldous Huxley no livro, do próprio, Admirável Mundo Novo. 

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