Gosto do silêncio.
Gosto do silêncio. Encontrei-o quando reduzi a vida.
Consigo estar, ler e pensar. Conseguiria ser se a angústia não aparecesse, ao virar da página, para me envolver com o seu abraço.
A angústia em relação à (ausência) de sentido, de valor. A angústia em relação ao vazio. À morte que me levou a voz e o toque de quem me desenhou a vida.
A finitude da vida deveria ser a sua força motriz. Mas quem serei eu quando não for o que conheço?
Foi simples libertar o corpo dos bens materiais supérfluos. Foi simples encontrar este silêncio. Mas como se liberta a mente, a consciência, a alma, quando o corpo é a mais pesada das âncoras?
Fecho o livro e fujo para o som da música.
“(...) what it means to die, and that if one considers death in isolation (...), one will no longer consider it to be anything other than a process of nature, and if somebody is frightened of a process of nature, he is no more than a child” - Marcus Aurelius, Meditations