O sorriso travesso quebra o silêncio.
O sorriso travesso quebra o silêncio.
A barreira do som comprime os corpos.
Há estilhaços de dor, de medo, de nada.
Depois, de novo o silêncio, na dança tranquila do teu olhar.
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O sorriso travesso quebra o silêncio.
A barreira do som comprime os corpos.
Há estilhaços de dor, de medo, de nada.
Depois, de novo o silêncio, na dança tranquila do teu olhar.
Foi assim que me despi do pensamento mágico. Joelhos junto ao peito, pernas cruzadas, mãos dadas entre si. Aninhei-me o melhor que pude, recortada de encontro ao vazio que deixaste no colchão.
Foi assim, coberta de lágrimas, que esperei a tranquilidade da noite que não chegou.
Foi assim até que o silêncio engoliu as dúvidas e a manhã despertou na certeza da solidão.
Em redor as cores de outrora, quando pegava em pincéis abandonados aos seus restos de tinta. O papel desmaiado no estirador, com os cantos revirados pelo roçagar de antebraços tingidos.
À frente dos tímidos traços iniciais estendia-se o imaginário. Onde tudo era maior, na dimensão secreta dos adultos, na época das possibilidades.
Aos poucos, as cores de outrora dissolvem-se no redemoinho da aguarrás.
Invejo quem passa pela vida sem lhe perguntar o porquê.
Sem o esmagador peso da angústia.
A promessa de leveza que seria, então, respirar.
Ela regressava como derrotada. Tinha sido a miúda com a janela entre si e o mundo. Através da qual o sol queimava, mas não envolvia em abraço quente. A vida aguardava sempre... do outro lado.
Abrem-se as portas à noite. Em passo decidido afasta-se do dia.
Não precisa de lua ou estrelas ou cama.
Não sei se pensa o que não sente. Não sei se sente o que cala.
Na dúvida, aconchego a roupa ao corpo e guardo no bolso a mão que largaste.
Setembro nasceu com as cores da saudade, enquanto eu vou aprendendo a existir comigo mesma. A deixar atrás a vida sonhada.
Ao entrar em casa penduro a ilusão como quem despe o casaco.
Cá dentro nada. Cá dentro tudo.
Há um cansaço na forma de pensar e uma necessidade por identificar.
Pudesse eu ser diferente de mim.
Como confiar em mim se não sei quem és?
Vinda da escuridão vi serpentinas coloridas a saírem-te da boca em cascatas de sonhos que nunca seriam vividos. Como confiar em mim? Ou num outro tu?
Das noites que me roubaram aos dias depois dos dias, o que fica são as dez toneladas de dor que me deixaste no peito.
Há 5 anos uma morte. No tempo que se seguiu pareço não ter alcançado muito. Podiam ter sido 5 dias.
No que a vida dos outros avançou, na minha apenas as rugas gritam o tempo. Podiam ter sido 5 dias.
Há 5 anos uma morte. Há 5 anos era sábado também.
“Within your secrets lies your sickness,” Dr. Talbott had said to me when I talked to him (...)
Está no que fica à medida que avanças.
No caminho dos aromas conhecidos.
Está no contorno dos lábios.
No traçado que faço do teu regresso, à medida que os passos se afastam.
Está em tudo o que não é.
Na mão que não estendo. No beijo que fica por dar.
Estará guardado aí.