Falta sentir os sentidos.
Falta sentir os sentidos.
Saber a que sabias quando te ouvia. Saber o aroma quando te via. Saber o calor da pele numa noite fria.
Como fumo que se esfuma num olhar, falta-me saber o que dantes sabia.
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Falta sentir os sentidos.
Saber a que sabias quando te ouvia. Saber o aroma quando te via. Saber o calor da pele numa noite fria.
Como fumo que se esfuma num olhar, falta-me saber o que dantes sabia.
É mais fácil aceitar que x deixou y por 2x. É mais fácil escolher lados. É mais fácil tomar partidos.
Mas ninguém esteve lá. Ninguém esteve lá quando x, durante 4 anos, teve que sair de casa mais cedo para não se cruzar com a empregada doméstica; ninguém esteve lá daquela vez que x teve que se despachar à pressa e sair pelas escadas para não se cruzar com z. Ninguém esteve lá quando y e x decidiram tentar novamente, sabendo que seriam necessárias mudanças. Mudanças que existiram, na fórmula de w, mas que se ficaram por aí. Ninguém esteve lá quando x teve como resposta de y “não me faças escolher...”, guardada nas reticências a certeza de que a escolha não recairia em x. Ninguém lá esteve.
Mesmo quem lá esteve descarta, com um sacudir de ombros, tudo isso como estando de acordo com o eixo do seu tempo. Não creio sequer que tenha compreendido - ainda hoje - a dor profunda, as cicatrizes do passado que esses “nadas” abriram. Nenhum reconhecimento genuíno pela dor provocada.
A fórmula matemática de 2 vidas em 1 relação é bem mais complexa. É mais fácil, portanto, compreender esta simples “verdade”: x deixou y por 2x. E isso faz com que x não queira fazer parte desse conjunto.
Quando b entrou na equação e prometeu, sem cumprir, o que y nunca prometeu, houve um sorriso escarninho de vitória. Sem que se tenha detido, por um instante, na mágoa que esse sorriso provocou. Na conclusão: - Quem quer que encontres, o que quer que te prometam, x, nunca será real ou completo. E isso magoa pela constatação em si e pela ausência de consideração pela dor inerente a essa cruel verdade.
I was already missing before the night I left
Just me and my shadow and all of my regrets
As noites, acompanhadas pelas minhas inseguranças, transportam a saudade aos dias. Dos traços. De como eram antes da borracha da vida lhes passar por cima.
Mesmo em sonhos conscientes, as patranhas que repito a mim mesma não me afastam do lodo.
A espiral é eterna, descendente, de volta ao princípio.
Estou aqui. Entre músicas. Entre compassos. Entre pausas.
Entre mim e eu. Entre tu e ela. Entre ontem e hoje.
Entre tudo o que não sei o que será e tudo o que sei que dói.
Entre tudo o que te magoei e tudo o me magoaram depois.
Entre o perfeito equilíbrio do universo numa pessoa em um ponto no espaço e no tempo.
Entre os copos que não bebo na bebedeira sóbria da vida.
Estou aqui.
That my feet don’t dance like they did with you.
Não sei o acto físico de desaparecer.
Esperando o suficiente acontecerá a todos. Não é possível evitá-lo, tão somente uma questão de tempo. Hoje. Amanhã.
Poderá ser natural amanhã e, portanto, porquê antecipar? Poderá ser natural dentro de 50 anos e, aí, como sublimar?
Foco na ideia de que tudo passa, até a vontade imensa da escuridão.
Porquê a necessidade de validação externa à existência, se aquela nunca virá e esta é incontornável e independente do resto?
Amanhã. Até lá, ser o melhor possível, no mundo possível, ajudando a humanidade possível.
O dia foi longo.
O pôr do Sol perfeito.
A solidão imensa.
(Hoje é isto com tudo o que cabe nos intervalos.)
Mora mora.
Não foi assim, calmamente, aos poucos, que arrasei com duas vidas de uma só vez. Foi tudo de um repente.
Olhando para trás, não posso dizer que tivesse feito igual. Não posso negar arrependimentos.
Foi o que senti como necessário.
Agora necessário era conseguir avançar, também de um repente.
Passado um ano, mora mora, calmamente, já é tempo demais.
Não acho que um instante nos possa definir enquanto pessoas. Talvez enquanto pessoa naquele preciso instante.
Talvez não tenhas sido correcta em tantos desses instantes comigo, mas não acho que nada disso te defina hoje ou amanhã. Como no livro, o passado é um país estrangeiro.
Vi tanta miséria hoje. Que podia ser eu. Que podias ser tu. Somos nós nas nossas circunstâncias.
Pela primeira vez consigo dar um passo no sentido da libertação.
“The past may or may not be a foreign country. It may morph or lie still, but its capital is always Regret (...)” - André Aciman, Enigma Variations
Acabei o livro (Enigma Variations). Deve estar muito bem escrito porque senti toda a angústia. Aquela que já é minha também. Não foi fácil de digerir, ainda que o fim tenha sido um pouco anti-climático.
Satisfaz-me, contudo, ter percebido o instante a partir do qual nada, nunca mais, seria igual.
De costas para a cidade, olhar perdido nas águas do Tejo, sabendo que aquele instante seria o último de paz, sabendo que o segundo imediatamente a seguir a levantar-me do banco deixava sentada a alma e arrastava o corpo por uma cidade vazia.
Será isso o vinho da vida? A consciência exacta de cada instante pelo instante que é? Tenho tantas saudades daqueles minutos, ainda sentada. Antes de tudo.
Acordei com a sensação de ter vestido um sonho que não me lembro de ter sonhado. Não o consegui largar ao longo do dia.
Como roupa molhada, colada à pele, a tolher os movimentos na humidade absorvida sem a sensação de frescura.
A mesma frase sentida como tão verdadeira quanto os meus ossos doridos: sou pior que 25 anos de solidão.
Preciso de me despir de ti. De que terei medo? De ser livre?
Na despedida do dia, com o sol a baixar no horizonte, o olhar desta criança devolveu-me à vida.
'Cause how it looks right now to me
Is you are scared of the danger