A manhã de Páscoa...
A manhã de Páscoa começou com a notícia dos atentados no Sri Lanka. Lembro-me da bofetada de calor opressivo ao sair do ar condicionado do aeroporto para ir ao encontro do nosso guia. Lembro-me da verdura, do silêncio, da comida sempre picante mesmo quando me diziam não ser, da miríade de animais (assustadores) de pequeno porte que nos arrancavam gritos histéricos à entrada nos quartos...
Lembro-me ainda de olhar o horizonte, para além daquele mar quente, de um azul profundo, e imaginar com terror a imensa vaga do tsunami que varreu toda aquela zona no dia seguinte ao Natal de 2004.
Hoje, tudo isso eram feridos e mortos, raiva e medo, desespero e tristeza.
Hoje é todo o futuro que temos. Não sabendo como, preferimos ignorar a finitude, ainda que seja a única certeza possível. Não sabendo quando, preferimos ignorar que, ainda que hoje sejam diferentes, as nossas circunstâncias serão as mesmas um dia mais tarde e que isso, por si só, nos deveria forçar a viver a melhor vida possível a cada instante.
Continuo sem conseguir perceber porque não acordamos todos de vez para o agora, para a consciência transcendente da unidade que somos, de forma a termos uma vida com sentido, focada na essência do bem que existe em cada um de nós.