Enquanto o gato dorme...
Enquanto o gato dorme no meu colo, enrolado e entregue a uma paz invejável, oiço Rodrigo Leão e volto atrás no tempo. Sinto-me novamente com 17 anos, quando o mundo parecia possível e a música era etérea; ainda hoje é magia.
Nas duas décadas passadas, se cair no erro de olhar de relance, parece que não saí do mesmo sítio. Continuo a criatura estranha, sem camuflagem possível em relação ao meio envolvente. A diferença visível nas rugas, no olhar cansado e, por vezes, desprovido de brilho de quem já amou e perdeu, perdeu e achou...
Continuo à procura de um caminho, de um sentido, sabendo e aceitando que nunca conseguirei camuflar-me e ser igual, socialmente correcta ou consensual. Essa é parte que (já) não importa.
Mas caramba!, parece que continuo com 17 anos; as dores parecidas, os padrões repetidos. Tenho agora mais certezas de por onde ir, mas tenho a sensação que passarei a vida a caminhar... para onde?