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com a cabeça entre as orelhas

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23
Mai19

Persigo há semanas as ideias...

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Persigo há semanas as ideias que julgo pensar sem que consiga, de facto, condensá-las em frases com nexo. Fico sempre aquém. Estou quase a vê-las; quase lhes oiço a harmonia, mas tornam a evadir-se de onde nunca chegaram a ter forma ou cor.

Hoje será confuso, mas hoje terá que servir. 

A primeira vez que me senti em estado de consciência foi na 2ª circular, a caminho de um emprego que odiava, a ouvir a abertura do Sonho de uma Noite de Verão de Mendelssohn. Nas próximas horas estaria provável e certamente a viver contra a minha noção de verdade, mas naquele instante, o crescente das cordas, metais e percussão era tudo. Era aquilo. Naquele instante. Ali. 

A segunda vez que me senti em consciência foi num duche, quando consegui aperceber-me de cada milímetro de pele em que as gotas de água quente tocavam. Era aquilo. Naquele instante. Ali.

E depois a vida meteu-se no caminho e perdi o fio condutor, enquanto tecia com ele considerações sobre nada que pudesse controlar.

Na minha viagem em busca daquele instante em que existir bastava, encontrei filosofia e mindfulness.

A tentativa confusa de síntese:

As minhas emoções são consequência dos meus pensamentos sobre as situações actuais; não são emoções de forma absoluta, ou seja, se isoladas do contexto do julgamento inicial. Alterando este, no centro racional do meu ser, talvez consiga alterar as emoções. Mas será necessário alterá-las? Ou bastará apenas reconhecer-lhes a existência, como ao crescente das cordas, metais e percussão em Mendelssohn ou às gotas de água quente que beijam a pele, e aceitá-las como entidades que surgem e, dado o tempo necessário, desaparecem sem que, em nada, alterem a essência da minha consciência?

O sentido da vida faz-me sentido se for concordante com os meus valores; com a virtude existente em cada ser humano como parte integrante de um universo. A felicidade encontra-se nesses instantes vários, episódicos, de consciência do que é, mais ainda se as acções estiverem em concordância com a nossa virtude. 

O treino desta consciencialização permite reproduzir esses vários instantes, ao longo do tempo, ao longo da vida, de modo a serem cada vez mais frequentes.

Hoje é confuso, mas por hoje serve. E, por favor, não me tragam Descartes para a equação, que essa variável para mim (ainda) é incógnita.

 

“(...) each of us lives only in the present, this fleeting moment of time, and that the rest of one’s life has already been lived or lies in an unknowable future. The space of each person’s existence is thus a little thing (...)” - Marcus Aurelius, Meditations.

 

 

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