Ao regressar do lugar da solidão
Ao regressar do lugar da solidão
sou relembrada do passado
pelo reflexo das lágrimas que ficaram no chão.
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Ao regressar do lugar da solidão
sou relembrada do passado
pelo reflexo das lágrimas que ficaram no chão.
Quando é que a tristeza se tornou tão leve, a ausência tão palpável?
No silêncio encontro voz.
Passou tanto tempo calada que tem dificuldade em reconhecer o seu próprio timbre.
No coro de vozes amigas há-de voltar a saber ocupar o seu lugar.
Take your timePull me inPush me outSimplify all the whispers of doubt
Encontro-te nas rugas que trago; no sabor acre que persiste.
Nas palavras por dizer ficaram mundos de distância.
De mãos dadas a nada parto em busca da noite.
Pára o tempo e os gritos em redor. Diz porque teimas em seguir pela rua dos candeeiros apagados.
Pára e escuta: eles continuam. Atacam em síncopes sucessivas.
Pára o tempo. Silencia a dor. Inventa espaço.
Odeio cada letra do teu nome queimado em mim.
Quero agarrar-te pelos braços e sacudir-te o sorriso da cara.
Obrigar-te a ver a destruição que deixaste.
Tudo o que morreu enquanto respiravas.
Há beleza no colapso. A destruição tem outra cor quando, no meio do desmoronar da vida, surge um sorriso sincero, de uma outra circunstância desconhecida.
Há beleza na humanidade. Em saber que tudo segue igual, ainda que o mundo de uns cesse de existir como até então. Em saber que tudo segue igual, à distância de outras estrelas.
Há beleza no colapso. Porque a destruição de um não implica a destruição do todo. Esse é mais forte. Uno.
Oiço-te a voz por cima da tempestade, na tua vontade obstinada que nos mantém na amura do bom tempo.
Oiço-te a voz por cima da escuridão em que a minha humanidade se esgota. No mar agitado onde me afogo.
O azul que te leva tem a velocidade dos ventos do deserto que deixa para trás.
Despojado. Como se nada, jamais, o tivesse habitado. Grãos de areia caídos entre os dedos, como a vida ao entardecer.
Árido. Como se ninguém, jamais, tivesse bebido do seu oásis esquecido.
O azul que te leva tem a força do que teima em resistir.
Mas nada estremece; nada cala; nada sente. Nunca nada mais perto.
Esperas na esquina uma e outra noite. Por um e outro encontro. Pelo abraço que ficou em suspenso. Pelo sorriso que ficou por nascer.
É sempre igual. Uma e outra vez. Tão igual que não sei porque insistes em tentar que se torne diferente.
Ninguém consegue ouvir o silêncio.
Ninguém consegue ver o que não existe.
Não aqui, na intersecção de coisa nenhuma.