Pára o tempo e os gritos em redor.
Pára o tempo e os gritos em redor. Diz porque teimas em seguir pela rua dos candeeiros apagados.
Pára e escuta: eles continuam. Atacam em síncopes sucessivas.
Pára o tempo. Silencia a dor. Inventa espaço.
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Pára o tempo e os gritos em redor. Diz porque teimas em seguir pela rua dos candeeiros apagados.
Pára e escuta: eles continuam. Atacam em síncopes sucessivas.
Pára o tempo. Silencia a dor. Inventa espaço.
Há beleza no colapso. A destruição tem outra cor quando, no meio do desmoronar da vida, surge um sorriso sincero, de uma outra circunstância desconhecida.
Há beleza na humanidade. Em saber que tudo segue igual, ainda que o mundo de uns cesse de existir como até então. Em saber que tudo segue igual, à distância de outras estrelas.
Há beleza no colapso. Porque a destruição de um não implica a destruição do todo. Esse é mais forte. Uno.
Oiço-te a voz por cima da tempestade, na tua vontade obstinada que nos mantém na amura do bom tempo.
Oiço-te a voz por cima da escuridão em que a minha humanidade se esgota. No mar agitado onde me afogo.
O azul que te leva tem a velocidade dos ventos do deserto que deixa para trás.
Despojado. Como se nada, jamais, o tivesse habitado. Grãos de areia caídos entre os dedos, como a vida ao entardecer.
Árido. Como se ninguém, jamais, tivesse bebido do seu oásis esquecido.
O azul que te leva tem a força do que teima em resistir.
Mas nada estremece; nada cala; nada sente. Nunca nada mais perto.
Há máscaras divertidas. Há outras macambúzias. Entre elas o labirinto em que nos perdermos, eternamente reflectidas no espelho desse outro sentir.
Ela regressava como derrotada. Tinha sido a miúda com a janela entre si e o mundo. Através da qual o sol queimava, mas não envolvia em abraço quente. A vida aguardava sempre... do outro lado.
Abrem-se as portas à noite. Em passo decidido afasta-se do dia.
Não precisa de lua ou estrelas ou cama.
Não sei se pensa o que não sente. Não sei se sente o que cala.
Na dúvida, aconchego a roupa ao corpo e guardo no bolso a mão que largaste.
Setembro nasceu com as cores da saudade, enquanto eu vou aprendendo a existir comigo mesma. A deixar atrás a vida sonhada.
Ao entrar em casa penduro a ilusão como quem despe o casaco.
Cá dentro nada. Cá dentro tudo.
Há um cansaço na forma de pensar e uma necessidade por identificar.
Pudesse eu ser diferente de mim.
A mensagem chegou no fim do dia. Chegou enquanto eu saía de palco. Fantasia despida à porta.
Com o volante apertado entre as mãos, chorava a alma... se conseguisse manter a direcção e chegar ao destino. As luzes da cidade em estrelas de lágrimas através do teu olhar... se conseguisse endireitar o sentido da minha existência.
Cada instante. A tua mão na minha perna enquanto atravessávamos o verde do país que nunca foi o nosso. Quando as músicas eram alegres.
Cada instante. O aroma. Aquele que teimou em ficar.
A mensagem chegou no fim de um dia e nunca mais voltou a tocar.
No, I'm six gin and tonics down, baby, I can hardly stand...
Saudade não é “aquilo que fica daquilo que não ficou”, como anunciaste.
Saudade tem vida para além disso. Tem o travo agridoce do beijo que ficou por dar.
E, parece-me a mim, que saudade não faz sentido quando se prefere essa sombra à vida.