Decifrei a regra dos terços.
Decifrei a regra dos terços.
Se me posicionar exactamente no terço médio consigo dormir.
Já sei dormir nesse intervalo da cama.
Sem espaço para ti; sem margem para cair.
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Decifrei a regra dos terços.
Se me posicionar exactamente no terço médio consigo dormir.
Já sei dormir nesse intervalo da cama.
Sem espaço para ti; sem margem para cair.
Há os que vêem.
Há os que vêem quando lhes é mostrado.
Há os que nunca irão ver.
Há, também, uma nova “(a)normalidade”. Aquela em que, em terra de cegos, quem vê é ninguém.
Há cerca de 19 anos atrás foi lançada a na altura polémica série canadiana “Queer as Folk”. Viria a animar-me os dias durante uma fase de vida menos boa. Creio ter sido o meu primeiro contacto com a palavra “queer”.
Quando as 5 temporadas chegaram ao fim, senti a falta das personagens como se fossem família, como se as suas histórias pudessem vir a ser a minha.
À parte o sexo e as drogas, surgiam também as ideias de casamento, adopção, técnicas de reprodução medicamente assistida e todo um mundo de possibilidade e esperança para quem crescera numa altura em que não era aceite ser-se diferente.
Não consegui desfazer-me dos DVDs da série durante o meu desafio minimalista. Todos os outros, menos estes. Foram a minha alegria, a minha esperança, o meu crescimento.
Hoje tropecei nas “Histórias de São Francisco”; com questões de género e outras que, em tempos, não eram trazidas a público.
O que me prendeu foi a resposta inicial da aniversariante à pergunta do que tinha ou não mudado em São Francisco nos últimos 60 anos. Não muito...
We’re still people - aren’t we? - flawed, narcissistic... and doing our best!
Finalmente. Tão perto que sinto o aroma a desconhecido.
Tenho noção do meu privilégio. Por poder ter chegado à existência em circunstâncias que me permitem minimizar, parar, sair... ou ficar.
Desde que alterei a direcção do olhar, redescobri a perfeição da definição HD da vida vivida fora do melhor ecrã do mercado.
Por isso a minha viagem será analógica. Um dia fui sozinha ao teu encontro. Sigo agora sozinha à procura do que sobrou de mim.
Aqui voltarei mais tarde.
O céu rasgado de azul, trespassado por mil mastros, faz-me lembrar o tempo em que chegava aqui nauseada ou verdadeiramente bem disposta, depois de uma manhã de rio; mãos feridas por cabos retesados pelo vento... Os restaurantes dos clubes enchem-se de gente e eu vou passeando por entre bicicletas e trotinetes eléctricas, pensando em ti e em ti. Todos os meus mortos e os meus fantasmas comigo.
De caminho, cruzei-me com aquela que fui há 7 anos, num parque de tonalidades amarelas algures entre a Europa e a Ásia. A prudência atirada de fresco pela janela, a dar boleia a 3 pessoas que a pediam no passeio.
Parada no semáforo, com a música a preencher o vazio do lugar que deixaste ao lado, a mão de fora da janela a sentir a brisa refrescante deste apressado primeiro dia de Verão, ouvi perguntarem-me se podia dar boleia até ao Mosteiro dos Jerónimos. E porque não? A coisa mais segura, apesar de difícil, foi escolher-te a ti... e onde é que isso me levou? Com as mãos que teria posto no fogo por ti completamente queimadas até aos ossos, porque não?
Continuo viva. Continuo sem conseguir largar-te a mão, como se em algum universo paralelo estivéssemos assim.
Um dia talvez te consiga perdoar. A ti e a ti.
Todos os meus mortos com todos os meus fantasmas.