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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

16
Jun19

Consegui.

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Consegui. Vim sozinha. Descobri que consigo voar sem a mão de alguém ao lado, para que a possa apertar; sem lágrimas a abrirem caminho porque não adianta e não controlo absolutamente nada na aviação. Mais que o medo de andar de avião, existia um medo arreigado de não ter o controlo sobre tudo à minha volta. E, como se conclui, tudo o que posso controlar é a minha reacção aos desenvolvimentos da vida. 

Consegui. Não sabia se seria fácil, difícil, sozinha, em grupo. 

Consegui. Pegar em camaleões, passar horas entre lianas e teias de aranhas na selva, sair de lá com algumas na roupa e sacudi-las com cuidado para não as magoar em vez de ser em pânico para me libertar rapidamente do desconhecido. 

Consegui. Subir a rochedos no meio de chuva, ainda que não tenha tido a capacidade de apreciar a vista... só queria descer novamente. 

Consegui. Dar-me com quem me via como estrangeira branca, pegar num bebé que chorava perdido no mundo gigantesco à sua volta e levá-lo à mãe, falando numa língua que nada lhe dizia. 

Consegui. Rir e chorar com estranhos.

Nada do que me possa acontecer está fora dos planos do universo; nem a morte. Tudo no seu ciclo. Tudo no seu tempo. 

Consegui encontrar duas pessoas com ideais semelhantes aos meus, ainda que não falemos a mesma língua e não saiba se algum dia nos iremos tornar a ver. 

Estou-lhes grata. Também por me terem dado a conhecer a Fundación Vicente Ferrer. Somos todos feitos do mesmo material. Eu tive só a sorte de ser filha daqueles pais, naquele terra, naquele país, naquela altura.

08
Jun19

Hoje não me apetece.

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Hoje não me apetece.

Foram horas de estrada má com o azul a encimar o vermelho e o verde. O vermelho da ilha; da terra que se cola às caras e às casas. O verde dos arrozais sem fim.

Horas de estrada má e música. Lembranças de tempos idos em viagens distantes contigo. O meu outro eu. A banda sonora da viagem iria certamente agradar-te. 

Hoje foi a vida vista na paisagem corrida. Quem conheci. As oportunidades que me foram oferecidas por coisa nenhuma.

Ilha vermelha. Não sei o que me chamou aqui, mas relembrei o que consigo ser e fazer. Não sozinha. Jamais sozinha. Mas sem ti. Esse outro tu. Com todos os outros à volta. Quem me ouve à noite. Quem me aprecia de dia. Quem me oferece um sorriso inesperado em dias de frio. 

Não sozinha. Nunca me senti tão perto do mundo como aqui.

 

Goodbye to the friends I've had
And I finally found my stride when I walked in the background

07
Jun19

Acordei com a sensação...

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Acordei com a sensação de ter vestido um sonho que não me lembro de ter sonhado. Não o consegui largar ao longo do dia.

Como roupa molhada, colada à pele, a tolher os movimentos na humidade absorvida sem a sensação de frescura.

A mesma frase sentida como tão verdadeira quanto os meus ossos doridos: sou pior que 25 anos de solidão.

Preciso de me despir de ti. De que terei medo? De ser livre?

Na despedida do dia, com o sol a baixar no horizonte, o olhar desta criança devolveu-me à vida.

 

'Cause how it looks right now to me
Is you are scared of the danger

01
Jun19

Finalmente.

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Finalmente. Tão perto que sinto o aroma a desconhecido.

Tenho noção do meu privilégio. Por poder ter chegado à existência em circunstâncias que me permitem minimizar, parar, sair... ou ficar. 

Desde que alterei a direcção do olhar, redescobri a perfeição da definição HD da vida vivida fora do melhor ecrã do mercado.

Por isso a minha viagem será analógica. Um dia fui sozinha ao teu encontro. Sigo agora sozinha à procura do que sobrou de mim.

Aqui voltarei mais tarde.

01
Mai19

O início de um mês...

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O início de um mês traz consigo a oportunidade perfeita para reflectir sobre o anterior e planear o seguinte.

O meu ano tem estado à margem do ano civil (e até do escolar).

Em menos de um ano deixei amor e deixei trabalho... para acabar deixada; mas a coisa boa quando se começa do zero é que o potencial é infinito. Na realidade, o potencial é sempre o horizonte imensurável e tudo o resto são construções mentais.

Ainda assim, desde Fevereiro que tento adquirir novos hábitos com o objectivo de alcançar alguma clareza mental - talvez precise de revisitar alguns passados, mas para já Maio afigura-se como um mês de introspecção.

A aquisição de uma casa maior, ao reduzir a quantidade de tralha que a mesma tinha, sedimentou a minha crença de que, a partir de certo nível de conforto e segurança, mais objectos não são sinónimo de maior felicidade. 

Quando tecto, água, comida, roupa, segurança e saúde são dados adquiridos, mais um gadget não é mais do que isso mesmo. Um objecto novo e brilhante que após o prazer inicial do kick de dopamina, irá perder rapidamente o seu interesse.

Que vida esta... chegamos aqui, passeamos por ali e morremos acolá. Tem que haver mais... Parece-me que o “mais” está em dar e, sem dúvida, na forma como se dá. Talvez o propósito seja esse. 

Por isso o meu Maio é o mês da reflexão e gratidão:

• Permitir-me parar, 2 vezes por dia, para pensar. Pensar onde estou, para onde quero ir, como crescer como ser humano.

• Diariamente, escrever 3 coisas pelas quais estou grata e que podem ser (aparentemente) tão simples como a electricidade, os transportes, o país onde nasci... e tudo aquilo que nos parece básico, mas apenas porque o consideramos garantido. (Basta relembrar o caos da greve dos transportadores de mercadorias perigosas.)

• Iniciar a pesquisa sobre voluntariado - nacional e internacional.  

O destino é (o) outro.

Amanhã volto a ti.

 

Ideia interessante de generosidade: “doar” o aniversário. 

O que eu escolhi para mim, mas há tantos outros sob a pesquisa “pledge birthday”: 

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TED - Elizabeth Dunn: Helping others makes us happier - but it matters how we do it

 

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