Não sei quem vejo quando te olho.
Não sei quem vejo quando te olho.
Quem és.
Quem fui.
O que podia ter sido.
O que passou.
Não sei quem és quando te vejo.
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Não sei quem vejo quando te olho.
Quem és.
Quem fui.
O que podia ter sido.
O que passou.
Não sei quem és quando te vejo.
Tempestuoso, com grande veemência. Qual andamento de Mahler. É o meu a cada três compassos de desassossego. A cada encontro de esquina com o talvez, quem sabe?
Encontro-te nas rugas que trago; no sabor acre que persiste.
Nas palavras por dizer ficaram mundos de distância.
De mãos dadas a nada parto em busca da noite.
Pára o tempo e os gritos em redor. Diz porque teimas em seguir pela rua dos candeeiros apagados.
Pára e escuta: eles continuam. Atacam em síncopes sucessivas.
Pára o tempo. Silencia a dor. Inventa espaço.
Odeio cada letra do teu nome queimado em mim.
Quero agarrar-te pelos braços e sacudir-te o sorriso da cara.
Obrigar-te a ver a destruição que deixaste.
Tudo o que morreu enquanto respiravas.
Há beleza no colapso. A destruição tem outra cor quando, no meio do desmoronar da vida, surge um sorriso sincero, de uma outra circunstância desconhecida.
Há beleza na humanidade. Em saber que tudo segue igual, ainda que o mundo de uns cesse de existir como até então. Em saber que tudo segue igual, à distância de outras estrelas.
Há beleza no colapso. Porque a destruição de um não implica a destruição do todo. Esse é mais forte. Uno.
Oiço-te a voz por cima da tempestade, na tua vontade obstinada que nos mantém na amura do bom tempo.
Oiço-te a voz por cima da escuridão em que a minha humanidade se esgota. No mar agitado onde me afogo.
Esperas na esquina uma e outra noite. Por um e outro encontro. Pelo abraço que ficou em suspenso. Pelo sorriso que ficou por nascer.
É sempre igual. Uma e outra vez. Tão igual que não sei porque insistes em tentar que se torne diferente.
Ninguém consegue ouvir o silêncio.
Ninguém consegue ver o que não existe.
Não aqui, na intersecção de coisa nenhuma.
Revisited
Outra noite de olhos abertos.
Oiço os passos arrastados da saudade.
Sem grande espera o passado chega de assalto, impregnando o ar com a sua podridão... e tudo o que existe é... nada.
A música preenche o vazio em tonalidades menores.
Se ao menos pudesse... voltar atrás, correr à frente... antecipar a dor e a perda.
Amanhã. Amanhã torno a sentir.
I’m somewhere in between what is real and just a dream...
Acende-se novamente a chama que devora a esperança. As presas aguçadas dilaceram as escassas áreas poupadas.
Não sobra nada.
O vazio, também ele devastado.