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Não sei que idade teria quando me sentei no meio da sala, de pernas cruzadas, olhos fechados e testa franzida em profunda concentração. O meu pai acabara de me confessar que sabia levitar, juntamente com o segredo para o conseguir fazer.
Parecia simples. Bastava que me conseguisse concentrar em cada pequena parte do meu corpo até que o deixasse de sentir. Começava sempre pelo dedo grande de um pé e ia seguindo, acabando por nunca conseguir chegar a uma perna completa...
Frustrada, acabei por desistir das tentativas de levitação e da minha futura carreira circense.
Umas décadas mais tarde é na meditação que encontro o meu retorno a casa. Por vezes, chego mesmo a sentir que estou para além do meu corpo sentado, de olhos fechados. Nessas alturas sinto que consigo quebrar as correntes do atarefado mundo moderno e levitar em alguma paz.
O que também tem ajudado no processo de desconexão (ou conexão ao que interessa):
• Apaguei muitas apps instaladas e sem utilidade prática para além da distracção permanente.
• Retirei as notificações de praticamente todas as apps que sobreviveram. Apenas tenho notificações para mensagens, chamadas e despertador. Sem a presença constante de apitos e símbolos vermelhos com números a gritarem a quantidade de coisas que estou a deixar passar, tenho tempo para o essencial e não sinto que esteja a perder nada de importante. Raramente me ocorre ver a caixa de entrada do email; a quem o dou, aviso logo que não serve para coisas urgentes porque é visto 2 ou 3 vezes por dia.
• No tempo de ecrã reduzi o limite de tempo de outras apps, nomeadamente a da rede social que sobrou, para 15 minutos/dia; se quiser ver mais do que isso, tenho que seleccionar outras opções. Com o gesto automático impedido, há tempo para pensar se preciso mesmo de olhar para as fotografias da vida curada de outra pessoa. Por outro lado, quando o faço, é com (alguma) intenção, seja ela a de me distrair ou outra.
• Quando sinto que o impulso de ligar o telefone se mantém, passo o ecrã a preto e branco. É impressionante como deixa de ser apelativo.