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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

01
Mar20

Vendi por um abraço.

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Vendi por um abraço.

Mais uma etapa de OLX para me libertar de excessos. A mudança de casa estava já facilitada com a limpeza do ano anterior, mas há sempre mais qualquer coisa que não faz falta.

Depois das combinações difíceis para o encontro que permitiria a venda da mochila em questão, a senhora disse-me que tencionava fazer os caminhos de Santiago com os sobrinhos e que não queria gastar muito dinheiro em material. 

A ideia dos caminhos de Santiago atrai-me tanto quanto me assusta. Admiro quem os faz e saber que seria feito em família foi o quanto bastou para que entregasse a mochila a troco de nada. A troco de nada não. Vendi por um abraço. O mais apertado de há muito; oferecido por uma estranha.

04
Jan20

Hoje é um dia que o meu pai não viu.

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Hoje é um dia que o meu pai não viu. Não viu este dia nos últimos 13 anos. Vou assinalando mentalmente os anos que ficaram por fazer, as vidas que ficaram por viver.

Hoje, no dia que seria de festa, a festa aconteceu. Na possibilidade, na mudança. 

Hoje perguntaram-me quantas pessoas morreram às minhas mãos. Creio que, às minhas mãos literalmente, apenas uma. O pai que sobrou do pai quando o pai desapareceu. O meu avô. 

Nada é o que era como quando todos estavam vivos e se festejavam aniversários. Mas a vida acontece e, no processo, está a felicidade. Não mais à frente, no talvez imaginado; não lá atrás, numa remota lembrança do que não é mais. A felicidade acontece agora, quando conseguimos a gratidão daquilo que nos é oferecido, ainda que nem sempre pedido ou desejado.

 

 

12
Jul19

Que nunca me esqueça...

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Que nunca me esqueça do grande auditório numa manhã de verão com cara de outono. 

A patética na estante do piano, professor e aluna discutindo a divisão do tempo, as articulações das frases, quando entra uma cara de outros tempos, de violino na mão, a surpresa pelo auditório com gente.

As hesitações e o silêncio entre as partes, interrompidos por:

- Preciso de um lá!

- Um lá!, respondi tocando... E assim soou; e assim seguiu, violino na mão com a corda afinada. 

Possa a vida ter sempre a leveza de uma nota.

05
Jul19

É chegada a altura...

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É chegada a altura de voltar a Beethoven.

Escolhi a Patética. Irónico.

Ainda assim opto por acreditar que move, apenas. Nem dó, nem piedade, nem ridículo. (Co)move.

Foi o primeiro transdutor das minhas emoções. O que quer que martelasse de Beethoven saía em harmonia, em beleza, em leveza, em menos dor. Uma espécie de meditação em si mesma.

06
Jun19

Que dia cheio!

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Que dia cheio! 

Cansaço, natureza, fome, medo... tudo.

Hesitei. Nos momentos mais difíceis pensei em ti, sem esquecer a mensagem inerente... Vieste agarrada às emoções negativas.

Depois dos animais, das travessias de pontes inacabadas com tábuas instáveis, voltar a ver gente foi delicioso. Todos nós sujos. A jogar à bola com miúdos, como se a idade fosse igual a nada.

Vazaha! Estrangeiro Branco. Fomos nós todos!

 

01
Jun19

Finalmente.

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Finalmente. Tão perto que sinto o aroma a desconhecido.

Tenho noção do meu privilégio. Por poder ter chegado à existência em circunstâncias que me permitem minimizar, parar, sair... ou ficar. 

Desde que alterei a direcção do olhar, redescobri a perfeição da definição HD da vida vivida fora do melhor ecrã do mercado.

Por isso a minha viagem será analógica. Um dia fui sozinha ao teu encontro. Sigo agora sozinha à procura do que sobrou de mim.

Aqui voltarei mais tarde.

25
Mai19

Bom dia. Boa noite.

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Bom dia. Boa noite.

Deixo-te à beira da estrada de há anos, onde a criança que foste ficou perdida à procura de família enquanto, à altura dos olhos, todos os pares de pernas de adultos eram iguais.

Boa noite. Espero que o sol amanheça com um sorriso morno em ti.

Eu deixo-te aí. A minha estrada é outra.

Não foi engano.

Não foi destino.

Foi caminho. Para mim. Para casa.

Bom dia. Acordei!

 

I've got a king sized bed and a PhD in the way it used to be.

 

 

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