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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

09
Ago22

O azul que te leva tem a velocidade dos ventos do deserto…

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O azul que te leva tem a velocidade dos ventos do deserto que deixa para trás. 

Despojado. Como se nada, jamais, o tivesse habitado. Grãos de areia caídos entre os dedos, como a vida ao entardecer. 

Árido. Como se ninguém, jamais, tivesse bebido do seu oásis esquecido. 

O azul que te leva tem a força do que teima em resistir. 

Mas nada estremece; nada cala; nada sente. Nunca nada mais perto.

06
Jun20

Há 5 anos uma morte.

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Há 5 anos uma morte. No tempo que se seguiu pareço não ter alcançado muito. Podiam ter sido 5 dias. 

No que a vida dos outros avançou, na minha apenas as rugas gritam o tempo. Podiam ter sido 5 dias.

Há 5 anos uma morte. Há 5 anos era sábado também.

 

“Within your secrets lies your sickness,” Dr. Talbott had said to me when I talked to him (...)

07
Jun19

Acordei com a sensação...

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Acordei com a sensação de ter vestido um sonho que não me lembro de ter sonhado. Não o consegui largar ao longo do dia.

Como roupa molhada, colada à pele, a tolher os movimentos na humidade absorvida sem a sensação de frescura.

A mesma frase sentida como tão verdadeira quanto os meus ossos doridos: sou pior que 25 anos de solidão.

Preciso de me despir de ti. De que terei medo? De ser livre?

Na despedida do dia, com o sol a baixar no horizonte, o olhar desta criança devolveu-me à vida.

 

'Cause how it looks right now to me
Is you are scared of the danger

06
Jun19

Que dia cheio!

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Que dia cheio! 

Cansaço, natureza, fome, medo... tudo.

Hesitei. Nos momentos mais difíceis pensei em ti, sem esquecer a mensagem inerente... Vieste agarrada às emoções negativas.

Depois dos animais, das travessias de pontes inacabadas com tábuas instáveis, voltar a ver gente foi delicioso. Todos nós sujos. A jogar à bola com miúdos, como se a idade fosse igual a nada.

Vazaha! Estrangeiro Branco. Fomos nós todos!

 

04
Jun19

Ao meu lado, um homem de Nova Deli...

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Ao meu lado, um homem de Nova Deli, pouco mais novo que eu, ao preencher os papéis das formalidades necessárias à chegada a Antananarivo, subtraiu o ano de nascimento ao corrente para saber quantos anos tinha.

Invejei-lhe a completa ausência de noção do número de anos de vida.

Também eu lhe imaginei uma história, talvez mais interessante que a real... mas os anos dele devem ter mais vida que os meus, se chegou ao ponto de lhes perder a conta.

03
Jun19

Chorei a manhã toda...

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Chorei a manhã toda pelos corredores do aeroporto de Lisboa. A voz maternal repetia do outro lado da ligação “Estás livre, livre, livre!”. Não se perdeu em mim a ironia da expressão.

Reparei no olhar atento de uma senhora ao passar por mim; atento no meu inundado de lágrimas. Que história terá imaginado para mim? Certamente menos patética que a real.

Adormeci com Beethoven nos ouvidos e o livro esquecido no colo. Não abri os olhos através da turbulência, mas apenas a tempo de ver a sombra que tinha deixado atrás tornar a aproximar-se de mim... esperando que mais leve.

 

Nem de propósito deparei-me com esta entrada num outro blog.

02
Jun19

Há 20 anos saí do palco...

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Há 20 anos saí do palco depois de falhar, por três vezes, o início de uma peça. Deveria ter sido importante o suficiente para fixar a peça, o compositor, alguma coisa. Tudo o que retive foi a expressão exasperada da minha professora.

Há uma semana seguia eu o caminho da aceitação da tua saída de cena sem terminar a deixa. Como se adivinhasses no ar a tranquilidade do que não podia mudar, voltaste ao palco, mas já ninguém estava a assistir. 

E, novamente, uns dias mais tarde, vieste com as palavras que deixaste calar quando decidiste que o silêncio era a música que se impunha na tua vida e fizeste de mim surda na que não tinha escolhido.

Hoje estou perdida nas Variações (Diabelli) do teu tema, à espera que a certa me escolha. Aproveito os últimos instantes da vida, calma, como ela era até há uma semana atrás. 

01
Jun19

Finalmente.

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Finalmente. Tão perto que sinto o aroma a desconhecido.

Tenho noção do meu privilégio. Por poder ter chegado à existência em circunstâncias que me permitem minimizar, parar, sair... ou ficar. 

Desde que alterei a direcção do olhar, redescobri a perfeição da definição HD da vida vivida fora do melhor ecrã do mercado.

Por isso a minha viagem será analógica. Um dia fui sozinha ao teu encontro. Sigo agora sozinha à procura do que sobrou de mim.

Aqui voltarei mais tarde.

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