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com a cabeça entre as orelhas

com a cabeça entre as orelhas

22
Jun21

Afinal não era complicado.

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Afinal não era complicado. Nem sequer para um cabeça neurótica, como a minha. Para cada uma destas quantas mais?... e na internet tudo se pode encontrar.

Aceitei que a vida é uma constante em pendências que irão continuar a toldar-me o subconsciente. Partindo desta premissa, opto por despejar as listas e os pensamentos no papel e libertar a preciosa memória RAM do meu frágil hardware. 

Afinal tinha nome e tudo: matriz de Eisenhower. E, como parece mais fácil uma pequena mudança de cada vez, repetida até que se torne um hábito, estou a focar-me apenas no quadrante inferior esquerdo. 

Não é urgente; não é importante. Não faças!

 

What is important is seldom urgent and what is urgent is seldom important - Dwight D. Eisenhower

 

19
Jun21

Não imaginava eu que a Filosofia viria a ser um bote salva-vidas.

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Não imaginava eu que a Filosofia viria a ser um bote salva-vidas. Não aos 16 anos, quando a estudava oficialmente e ainda que a Lógica me fascinasse.

O meu regresso à Filosofia surgiu de uma necessidade de estrutura mental. Da sensação de vertigem num mundo ao qual não sei dar sentido.

A maior paz que consigo sentir, à falta de uma qualquer religião, está nos períodos de leitura matinal. Nos estóicos encontro a leveza que me falta.

Sinto-me aluna oficiosa. A falhar, de forma repetida, nas tentativas várias de a aplicar à vida... mas foi o que me permitiu fugir ao algoritmo dos dias de hoje, decidindo deixar de jogar quando já não me interessa.

 

Don’t be a greater coward than children, who are ready to announce, “I won’t play anymore.” Say, “I won’t play anymore,” when you grow weary of the game, and be done with it. But if you stay, don’t carp. - Epictetus, Of Human Freedom

15
Jun21

No tempo do Nokia 3310 tudo parecia menos complicado…

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No tempo do Nokia 3310 tudo parecia menos complicado, os SMS extremamente caros e as chamadas então... A vida ao ritmo da “cobrinha”. Muitas aulas de anatomia foram passadas a analisar a capacidade de extensão daquela linha devoradora de pixéis, até que se comesse a si própria e morresse.

A tecnologia sempre me fascinou. A evolução constante em velocidade vertiginosa... até que começou a contribuir para a minha auto-destruição. 

É impossível viver - de forma relaxada, pelo menos - com esta sobrecarga sensorial. O sistema nervoso central do ser humano não foi concebido para tantos alarmes de possíveis crises ao mesmo tempo. 

Na esquina de um tropeço com a rua do desespero, apaguei uma série de apps, retirei outras tantas do ecrã principal, desactivei as notificações de tudo e saí das redes sociais.

Se for urgente telefonem, caso contrário não vou saber que precisam de mim!

11
Abr21

Se há coisa que irrita quem tem necessidade de controlo...

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Se há coisa que irrita quem tem necessidade de controlo é aperceber-se que não controla nada. 

Portanto, arranjei estratégias para garantir que aquilo que faço me permite algum tipo de controlo. 

• Reduzi a tralha que tinha.

• Não compro tralha extra.

• Medito.

• Continuo com o diário da gratidão.

• Vou escrevendo.

... mas esqueci-me de ser minimalista no trabalho. Quando olhei para a agenda na semana passada, não encontrei um dia livre nos próximos tempos. Acabei a comprar outro tipo de tralha, ao preço do meu descanso.

Analisando, parece-me só mais uma tentativa de controlo na imprevisibilidade ansiogénica dos tempos pandémicos. Se estiver ocupada, não penso. 

Virei o minimalismo do avesso e voltei ao início.

Falta-me minimizar a cabeça.

16
Dez20

Parece uma banheira futurista.

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Parece uma banheira futurista. Com luzes e tudo. Com tampa e tudo. Com música ambiente e tudo. Com botões que controlam o tudo daquilo.

A água salgada facilita o processo. É impossível não flutuar.

Parece simples e 40 minutos não são muitos minutos... até passarem a ser.

Perdi a roupa e o peso. Deitada num morno tapete salgado, decidi aproveitar o tempo para meditar. 

Fechei a tampa. Era só uma tampa. 

Apaguei as luzes. Eram só umas luzes.

Desliguei a música. Eram só uns sons.

Passada a claustrofobia inicial percebi a tranquilidade da privação sensorial. A ausência. Talvez apenas o batimento cardíaco ao fundo do ouvido direito. O sussurro da respiração.

Sabe bem conseguir não fazer nada por uns minutos a não ser existir. Sem luz. Sem som. Sem peso(s).

30
Mar20

Gosto de café.

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Gosto de café. Gosto que nos levem refeições e gelado. Gosto de chegar a casa e tomar banho para me tentar despir de algum SARS-CoV-2 teimoso. Gosto de cremes múltiplos e variados que me acalmem a pele desgraçada de tanta desinfecção. Gosto de me deitar numa cama. Gosto de ter cama. Gosto das ligações humanas estabelecidas por uma coisa terrível. É mau. Mas pode haver bom.
(As minhas notificações vão ficar off para que a vida fique on.)

 

A 22/Março, depois de um turno, desliguei as notificações a bem da sanidade mental.

24
Mar20

Entre uma voz conhecida e uma serena...

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Entre uma voz conhecida e uma serena, reencontrei a minha.

Andei perdida até decidir refazer os passos da minha calma e voltar ao Estoicismo. Saber a diferença entre o que se pode ou não controlar. 

  • Meditação
  • Filosofia
  • Gratidão

As previsões catastróficas deixo-as de parte. Não controlo o resultado. Controlo ficar em casa.

 

"I may wish to be free from torture, but if the time comes for me to endure it, I'll wish to bear it courageously with bravery and honor. Wouldn't I prefer not to fall into war? But if war does befall me, I'll wish to carry nobly the wounds, starvation, and other necessities of war. Neither am I so crazy as to desire illness, but if I must suffer illness, I'll wish to do nothing rash or dishonorable. The point is not to wish for these adversities, but for the virtue that makes adversities bearable.”

Seneca, Moral Letters, 67.4

 

 

04
Mar20

Há várias situações ansiogénicas na vida.

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Há várias situações ansiogénicas na vida. Há ainda mais situações ansiogénicas na vida de quem sofre de ansiedade.

O minimalismo permitiu-me interromper o ciclo da exaustão, da imagem literal de burn out na vela que se apaga por ter esgotado o pavio. Acredito não seja para todos. Sei que não é para todos (prova aqui). Talvez seja procurado por quem mais necessita; talvez seja o ponto de convergência dos ansiosos e/ou obsessivos. Quem sabe?

A mim permitiu-me, em efeito dominó, o seguinte:

  • Reduzir a sensação de necessidade
  • Entender o trabalho excessivo, motivado pela falsa sensação de escassez, como desnecessário
  • Mais tempo de qualidade
  • Mais clareza mental dentro e fora do trabalho
  • Poupar
  • Reduzir o ruído de uma casa cheia 

Há várias situações ansiogénicas na vida. A mudança de casa pode ser considerada uma delas. Sem dúvida que, na fase actual, o minimalismo iniciado há 1 ano me facilita o processo. (Um armário de sala coube em 2 caixas.)

30
Jun19

Estou cansada de ser diferente.

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Estou cansada de ser diferente.

Reinventei-me quando tive a oportunidade de estagiar fora do país. Tinha um corpo e um nome e podia ser quem quisesse. Não tinha passado. 

Dez anos mais tarde reinventei-me numa viagem em busca de mim. Tinha um corpo e um nome. Mais rugas. Um olhar mais brilhante à custa das lágrimas. Ainda assim quem quisesse; ainda assim sem passado.

Reencontrei-me, no final das duas viagens, com o eu que deixei em casa.

Não sei como reinventar-me neste contexto. Não sei como fugir a todas as suposições que os outros fizeram da máscara que usei. Não sei reiniciar o sistema e, parece-me a mim, que a vida vai avançada. 

Estou cansada de ser diferente, mas está provavelmente na altura de fazer as pazes comigo e abraçar a criança que ficou lá atrás a chorar. Ninguém saberá cuidar dela melhor que o adulto em que se tornou.

 

(Come chocolates, pequena;

Come chocolates!

Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.

Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.

Come, pequena suja, come!

Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!

Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folhas de estanho,

Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) - Álvaro de Campos, Tabacaria

21
Jun19

O tempo ou a noção do mesmo.

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O tempo ou a noção do mesmo.

Hoje é o dia mais longo do ano. O mais longo sozinha. Mas, dado tempo suficiente, não há nada que não seja um mero piscar de olhos na eternidade, que o tempo tudo apaga, até quem poderia vir a ter memória  dele.

Não sou de lembranças profundas ou distantes, mas assumo alguma ansiedade perante a ideia deste tempo todo não ser tempo nenhum. A inexorabilidade de todas as mudanças e esquecimentos. De ser tudo normal, tudo banal, tudo mortal. 

E eu onde? E eu quando? Em que função? Para que fim? “What brings no benefit to the hive brings none to the bee”, pode ler-se no livro sexto das meditações. A abelha, porém, não sabe que existe tempo a pensar ou a perder.

Continuo a não acreditar que fingirmo-nos irracionais resolva a ansiedade que a realidade da existência humana pode acarretar para alguns. Partilhando mais talvez fosse menos tempo o tempo do desespero.

 

How swiftly unending time will cover all things, and how much it has covered already! - Marcus Aurelius, Meditations

 

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