Todas as mulheres que amei.
Numa viagem de combóio ao encontro da noite, recordo o aroma envolvido no delicioso enrolar da tua pronúncia com um oceano no meio. O aroma, sempre esse. Tantos anos depois continuo a saber qual me atiraria de volta à carruagem que me devolveu a uma vida sem ti.
Sei a diferença horária à distância do vórtex temporal que nos engoliu. Nas harmonias silenciadas pelos anos seguintes, encontro os passos perdidos no labirinto de ser deixada apaixonada, àquela altura da vida, quando o futuro parecia não ter existência; quando nada era palpável a não ser o perfume deixado atrás e a dor sentida no instante.
E onde foram as outras noites e dias que terão existido? Não guardo, não escondo, não sei.
Agradeço-te a persistência. O regresso, intemporal, para me relembrares que amar é possível, no meio da dor, no meio da perda, no meio de falha após falha após outra.